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Notícia - 12/08/2019 às 21:03:48
A ESCOLHA DA VIDA
SÉRIE DE ENTREVISTAS COM MAURICIO PAZ - MARCIO JOST

Por MAURÍCIO RABAIOLLI PAZ
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Maurício Paz (Foto: Maurício Paz)
Márcio José Jost dá as últimas orientações antes de começar o treino. De repente, após um breve silêncio, uma frase ecoa pelo ginásio como um mantra, e quem assiste atrás das redes com o tempo também aprende: ‘‘Nesta escola de futebol, o ‘eu’ não tem lugar, só o ‘nós’, com respeito, união, vontade, atitude e entrega. Assim moldamos a nossa equipe. O sucesso é uma ação coletiva.’’

Uma longa trajetória criou o repertório necessário para que a frase, criada nos primórdios do Primeiro Toque, se mantivesse atual após 17 anos de trabalho. E ela se iniciou na infância. ‘‘Quando pequeno, eu tinha o mesmo sonho de toda criança da minha idade, que era ser jogador de futebol’’. A expectativa foi direcionada ao campo profissional como treinador, e uma escolha difícil se projetou no caminho. Há dois, foi convidado a integrar uma equipe profissional de futebol, o que exigiria dedicação total e o encerramento do Primeiro Toque. O momento mais marcante de sua vida dá frutos até hoje.

‘‘Hoje em dia eu não me vejo fazendo outra coisa’’, afirma o professor após anos de trabalho com a equipe, que atravessa locais e gerações - do Instituto Maria Auxiliadora ao atual ginásio, ao lado da prefeitura de Cachoeirinha, até à pequena quadra da Paróquia São João Batista. O tempo de dedicação, que por vezes extrapola 12h diárias, já não é um empecilho para ver quem ama. Inicialmente contrariado pela família, hoje a mãe é a fiel escudeira, atuando com ele em torno da organização de cerca de 250 alunos, de 4 a 16 anos, que treinam duas vezes por semana.

O caráter pedagógico de Márcio e da Copa Sortica não é mera coincidência. A criação do campeonato, em 2006, foi sugestão do professor, que participa desde a 1ª edição, colecionando troféus em uma grande prateleira de madeira. As conquistas são citadas em tom de infinitude. ‘‘Já ganhei pelo Sub-7 sete vezes. Hoje em dia a única categoria em que eu não fui campeão foi a Sub-15’’. As glórias vêm acompanhadas da dignidade por nunca ter sido expulso de quadra.

Aos poucos, o orgulho do técnico é direcionado ao outro, quando enxerga dois de seus ex-atletas atuando pelo Grêmio e pelo Fortaleza. Os mais de mil jovens que passaram sob suas orientações apenas na Copa Sortica são uma breve consequência. O sonho de infância de Márcio é projetado em outras crianças, que, décadas depois, terão a oportunidade de olhar pra trás e dizer que não se veem fazendo outra coisa.